segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Edição 01- Pastelão à moda mexicana

Revista Veja- 22/11/1989

Quatro anos após chegarem em nosso país, os seriados de Roberto Bolaños ganhavam sua primeira reportagem de peso. Como comentei na "Edição 00" deste blog, os programas de Chespirito foram tratados sempre com um tom irônico pela imprensa brasileira. Além disso, a falta de informação sobre os programas é evidente em muitas das reportagens. Nesta, publicada em novembro de 1989 na revista Veja, a desinformação é evidente: da grafia incorreta de vários nomes (Bolagños, Chiquita, Chapolim, Chisperito), até equívocos mais específicos sobre os seriados, como, "Que me sigam os bons!" por "Sigam-me os bons!", ou , o anúncio da participação de Ramón Valdés em futuros shows no Brasil, sendo que o ator já havia falecido um ano antes (09/08/1988).
Porém, apesar dos equívocos, do tom irônico e até do chocante estereótipo proclamado pelo repórter ("Mexicanos são ridículos e não fazem mal a ninguém"), a reportagem é de extrema importância quando pensamos em seu valor histórico. Alguns dos dados que aparecem ao longo do texto, dificilmente seriam recuperáveis hoje em dia. Temos, por exemplo, o valor pago pela empresa Diana Backstage para licenciar produtos dos programas no Brasil, e também os índices de audiência dos programas na época. Também, ao longo do texto são anunciados: uma turnê de shows com o elenco, que segundo o próprio Bolaños estavam programadas, mas, não vieram a acontecer; e o lançamento do LP (1989) e das revistas em quadrinhos do seriado (08/1990). É curioso o anúncio, logo ao final da reportagem, da produção de uma série de desenhos animados baseados nos programas de Roberto Bolaños, pela licenciadora brasileira Diana Backstage. Se este projeto realmente existiu, não podemos confirmar, porém, alguns desenhos com os mesmos traços dos quadrinhos publicados no Brasil foram vinculados em alguns comerciais, como o do Disk Chaves, na década de 90.
Voltem comigo ao ano de 1989 e acompanhem na íntegra a reportagem da revista Veja: "Pastelão à moda mexicana".
"Que me sigam os bons!"

Capa da edição da revista Veja de 22 de novembro de 1989




Na próxima edição, começamos a abordar uma série de reportagens publicadas na imprensa internacional, sobre o ator Carlos Villagrán, o Quico, que completou 65 anos no último dia 12 de janeiro. Até lá!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Edição 00- "Estamos aqui pra isso!"

Como esta é uma postagem inaugural, recorrerei a um artifício muito utilizado pelos professores no primeiro dia de aula: explicar tudo o que farão durante o transcorrer da disciplina. Por mais que isto possa parecer uma perda total de tempo, mostrarei nesta edição de número 0, à que veio este blog, e o que vocês encontrarão por aqui nas próximas "edições".
Então vamos do princípio. O nome do blog, La Chicharra, faz referência ao jornal em que trabalha o personagem Vicente Chambón, criado e interpretado por Roberto Gómez Bolaños no início dos anos 80, para ser um dos quadros do programa “Chespirito”. Participavam do esquete: Florinda Meza como Cândida, a fotógrafa do jornal e companheira inseparável de Chambón; Rubén Aguirre, como Don Lino, editor do jornal; e Angelines Fernández, como a secretária. Infelizmente, o personagem parece não ter caído nas graças do grande público, e logo foi cancelado definitivamente. Infelizmente porque o quadro apresentava um outro tipo de humor, diferente das principais “crias” de Chespirito. Um humor mais adulto, como víamos em alguns quadros do Doutor Chapatín e também mais para frente nos episódios de “Chespirito” protagonizados por Aquiles Esquivel Madrazo, o Chómpiras. O único episódio de “La Chicharra” disponível ao público brasileiro, “O Mistério de Chambón”, veio como extra do DVD “O Melhor do Chapolin Colorado – Se aproveitam de minha nobreza!”, que integra o Box Volume 4, lançado em 2006 pela Amazonas Filmes.

Apresentação do quadro "La Chicharra", abertura do programa Chespirito.

O jogo entre o nome do blog e o nome do jornal onde trabalha Chambón é proposital, afinal de contas, este blog tratará das matérias publicadas na imprensa (nacional ou estrangeira) sobre as séries de Chespirito. Pretendo mostrar reportagens nacionais mais antigas, que talvez sejam desconhecidas do grande público, e as mais atuais que também apresentam aspectos interessantes de serem analisados. E como já anunciei algumas linhas acima, as matérias estrangeiras, de periódicos raríssimos, e publicados quando as séries ainda estavam no ar, aparecerão por aqui, na íntegra e com comentários.
As séries de Chespirito, pelo menos no Brasil, foram tratadas quase sempre com um tom de ironia, como uma série tola, um programa infantilóide, algo que não valesse a pena ser comentado. Note-se por exemplo que revistas semanais de grande circulação, pouco, ou nunca falaram sobre as séries de Bolaños, mesmo elas estando a mais de 20 anos no ar no Brasil e conseguirem índices de audiência invejáveis para muitos programas. A exceção é a revista Veja que publicou várias matérias sobre o programa, muitas delas com críticas infundadas, e comentários no qual imperam o deboche e a ironia.
Portanto, neste blog me proponho a literalmente separar o joio do trigo. Aparecerão as reportagens com críticas duvidosas e provavelmente escritas por alguém que odeia as séries, mas aparecerão também as boas reportagens, com uma pesquisa séria, feita por alguém que parece no mínimo simpatizar com os programas. É claro que no meio sempre existem lobos vestidos em pele de cordeiro, e aqui eles serão desmascarados, no seu devido tempo.
Recentemente as séries do “Pequeno Shakespeare” voltaram a ser objeto de muitas matérias na imprensa, em grande parte pela estréia em 2006 do desenho animado baseado no seriado “Chaves”. As reportagens não se limitam à série animada como era de se esperar, mas também abordam a série clássica, sem às vezes nem mencionar a nova animação. Outro fator que parece ter contribuído para esse grande número de reportagens, foi o revival dos anos 80, que surgiu em meados de 2005. E também, é claro, outro fator de extrema importância são os diversos fóruns, sites e fã-clubes sobre os programas, que se multiplicaram nos últimos anos. A imprensa com certeza, começa a perceber que Chaves, Chapolin e cia. têm muitos fãs e um grande potencial de vendas e, é claro, de lucros.
Bom agora que vocês já sabem a que este blog veio, não percam a edição de número um, aonde viajaremos até o longínquo ano de 1989 (ai meus 8 anos...), quando a revista Veja publicou a possível primeira reportagem sobre o universo Ch na imprensa brasileira. Até lá!



Vêm muito mais por aí...
Cassio Ferreira é fã incondicional dos programas de Roberto Gómez Bolaños desde 1984 quando desembarcaram no Brasil, e desde então coleciona não só produtos baseados nos seriados, mas também reportagens de jornais e revistas mesmo que essas contenham uma mínima referência aos programas. Participa dos fóruns sobre Chespirito desde 2006, com o codinome de Chompiras, seu personagem preferido.

Nota: Após a publicação desta postagem, descobriu-se a existência de um seriado intitulado "La Chicharra", que substituiu o programa "El Chapulín Colorado" no segundo semestre de 1979. O quadro exibido dentro do programa Chespirito entre 1980-1983 continha histórias inéditas, distintas das do programa de 1979.